Este promete ser um texto diferente.
Se hoje eu me disponho a desenvolver um projeto tão ambicioso como é o “Sexualidade na Nova Era”, é porque ao longo dos meus 45 anos de vida eu observei as mudanças de comportamento sexual da humanidade, e o quanto a pornografia influenciou a vida de muitos. E isso vai se tornar muito claro em alguns documentários que estarei recomendando que sejam assistidos, de extrema importância nesse cenário.
Ao longo desses anos houve uma mudança de proposta no ambiente da pornografia. Aquilo que começou como algo divertido, com a proposta de ajudar as pessoas a ter uma sexualidade mais divertida e plena, de muito mais prazer e amor, passou por um momento turbulento com o advento da AIDS, onde foi necessário o uso de camisinha de látex para proteção dos atores e atrizes, para evitar a transmissão destas doenças e conscientização das pessoas para a proteção individual.
Na virada do milênio isso caiu por terra, e as cenas não só passaram a ser filmadas sem o uso de camisinha de látex, como também, em particular nas produções pornográficas norte-americanas, passaram a se tornar mais agressivas, mais violentas, mais rudes, com requintes de crueldades, como mergulhar a cabeça das atrizes em vasos sanitários, provocar enforcamentos durante o orgasmo, ou mesmo sufocar as atrizes com o órgão sexual masculino.
Portanto, aquilo que começou com a proposta de revolucionar a vida sexual e promover mais prazer e liberdade na exploração do próprio corpo, tornou-se um instrumento de manipulação com o intuito de distorcer, corromper, e tornar o sexo algo humilhante, degradante, de demonstrações de poder sobre o outro, ao invés de promover Amor, carinho e prazer.
Tudo isso sem contar a discriminação sofrida por aqueles que se aventuravam por esse mundo de promiscuidade incentivada, embora de extrema prosperidade e fama ilimitados. Muitos certamente prosperaram no auge da indústria pornográfica, construíram patrimônios, realizaram seus sonhos de fama e riqueza. Mas será que isso tudo valia, diante da enorme discriminação da sociedade impiedosa? E depois? E quando já não fosse mais possível viver disso? Ou porque a juventude já estaria se esvaindo, ou porque a própria indústria enfrentaria seu período de crise devido às enormes transformações que o mundo passou ao longo desses anos, com o advento da Internet, dos computadores e dos celulares.
Será que valeu a pena? No final das contas, tudo dependia da maturidade e do preparo de cada um, conforme pode ser constatado nos documentários "After Porn Ends" e "After Porn Ends 2", que podem ser encontrados no Netflix.
Mas houve uma mudança de comportamento muito grande ao longo desses anos. O que na década de 80 tinha lá seu romantismo e um certo senso de exploração das diversas modalidades de relacionamento sexual, tudo feito com carinho, com uma certa ligação afetiva, conforme relatado pelas estrelas que viveram essa época de glória do pornô, passou a ser um espetáculo degradante de humilhação e domínio, num ambiente em que o que importa é o espetáculo pelo espetáculo, pelo dinheiro fácil que isso possa proporcionar. Demonstrações de poder sobre o outro. As relações sexuais passaram a ter a semelhança de lutas, de embates físicos dignos de um MMA ou coisa pior.
Isso sem contar que hoje já não há mais qualquer envolvimento afetivo entre os atores participantes das cenas. É tudo muito mecânico e encenado, sem a menor química.
Mas mesmo essa pornografia que é vendida na Internet já vem sofrendo uma crise enorme com o advento da pirataria informática que existe na rede, mas também com a facilidade que hoje se tem de gravar vídeos e disponibilizá-los na Internet. Qualquer pessoa, homem ou mulher, pode se exibir pornograficamente na internet! E isso tem destruído por completo o lucrativo negócio da indústria pornográfica.
Foram criados canais específicos para esse tipo de exibição, como os sites de bate papo com vídeo em que as pessoas podem conversar e se exibir para uma audiência, que pode ser individual ou de vários que assinem o serviço das famosas "Camgirls". Tudo isso tem contribuído para tornar o sexo algo individual, desconectado, frio e triste, de pessoas que se isolam cada vez mais umas das outras, tudo por conta do medo de contrair doenças venéreas.
Tá na hora de revermos nossos conceitos. Esse isolamento da humanidade não pode continuar. É claro que a promiscuidade não é a resposta! Fugir de se relacionar com outros seres humanos não trará evolução a ninguém, pelo contrário. Será uma regressão, precisamos da convivência uns com os outros para nos aprimorar e evoluir, mas também precisamos nos descobrir por conta própria, sem o auxílio de veículos manipulativos como a pornografia.
Sexo é sagrado, é Divino, e é uma necessidade do ser humano. E isso começa dentro de nós, nos amando, amando nossos corpos, conversando com nossos corpos, nos explorando fisicamente, explorando intensamente o toque em si mesmo, se masturbando. Gostar de sexo é gostar de tocar e ser tocado, e isso requer interação com outros, sejam eles do mesmo sexo ou do sexo oposto. O que importa é que isso seja feito com Amor, respeito, carinho, e isso nós primeiro desenvolvemos se relacionando sexualmente consigo mesmos. Quando aprendemos a nos Amar Incondicionalmente, curtindo nossa nudez e o nosso toque em nós mesmos, então estaremos preparados para nos relacionar sexualmente com um outro parceiro sexual, e que seja com Amor, e que seja espiritual antes de ser físico.
E, como já tenho dito em outros textos, basta um! Um parceiro. Não há nada de errado com a monogamia, apenas vários conceitos impostos pela sociedade é que precisam ser revistos. E isso só pode ser empreendido por quem tiver a coragem de despertar e se transformar, fazer diferente, pois só dessa forma que podemos mudar o mundo a nossa volta!