Vamos nos aprofundar agora nesse
que tem sido um dos temas mais polêmicos de todos os tempos.
Muitos ainda poderão se perguntar
de que forma se pode haver essa associação entre Masturbação e Meditação, duas
coisas que teoricamente não casam. Mas
eu vou mostrar que podem casar perfeitamente!
Antes mesmo de entrar
efetivamente nesse assunto, é importante analisar o quanto a sexualidade humana
se tornou desequilibrada com o advento da pornografia. Como já analisei em textos anteriores, não é
dizer que a pornografia seja algo que não tenha a sua utilidade e que não possa
ser usada para ajudar, ao invés de "desestabilizar" todo o universo
da sexualidade humana. Mas o fato é que,
ao longo desses anos, a pornografia tornou-se uma ferramenta de manipulação,
muito mais do que uma ferramenta de esclarecimento e ajuda.
Nina Hartley tornou-se
mundialmente conhecida pelos seus vídeos tutoriais "Guide to", ensinando
novas formas de como se relacionar sexualmente, ensinando as melhores formas de
praticar sexo oral, sexo anal, sexo à três, swing, tudo sempre destacando a
importância de se ter muito respeito com seu parceiro e que tudo isso deveria
ser praticado com consentimento e cumplicidade, desde que os parceiros se
sentissem confiantes em experimentar tais variações sexuais.
A década de 80 foi marcada por
uma geração "pré-viagra" que tinha a preocupação de mostrar à
sociedade que sexo poderia ser algo muito mais divertido e prazeroso. Infelizmente, com o passar do tempo, e o
advento das doenças sexualmente transmissíveis, isso precisou ser revisto. A pornografia procurou ensinar as pessoas a
se protegerem, fazendo uso de camisinha de látex para se protegerem e assim se
divertir sexualmente de uma forma mais responsável.
Conforme essa atividade foi se
tornando mais "corporativa" e menos amadora, a coisa foi mudando de
figura, e ela adquiriu contornos mais "manipulativos", voltados muito
mais para o lucro fácil, do que propriamente para algo "à serviço da
sociedade".
Na Era "pós-viagra", a
coisa começou a se tornar mais "espetacular". De repente parecia que se relacionar
sexualmente era algo quase impossível para os pobres mortais. E a coisa toda foi se tornando mais
malabarística, mais agressiva, menos respeitosa, muito menos preocupada em
ajudar e tornar a sexualidade mais prazerosa.
Foi tudo se tornando mais estúpido, mais inacreditável, mais grosseiro,
muito mais arriscado.
Então vocês poderão perguntar:
mas o que isso tudo tem a ver com Masturbação, ou mesmo com Meditação? Com Meditação, nada! Mas com Masturbação, tudo!
Infelizmente, para a grande
maioria dos adolescentes em fase de desenvolvimento hormonal e sexual, a
pornografia sempre constituiu a principal fonte de informações, já que os pais
sempre só se preocuparam de dizer aos filhos sobre as precauções que eles
deveriam tomar para não contrair doenças, e nunca entraram em uma conversa
plena sobre sexualidade de forma mais abrangente. Até porque, eles próprios vinham de educações
sexuais repressoras, portanto para a grande maioria dos pais, falar sobre sexo
sempre foi algo altamente constrangedor.
O modelo de masturbação
tradicional sempre esteve condicionado a se fazer uso de estimulantes eróticos,
como filmes pornôs, revistas masculinas com mulheres nuas e coisas do
gênero. E para o adolescente sem maiores
instruções de um adulto mais amadurecido e pronto a lhe dar uma informação de
melhor qualidade, os filmes pornográficos sempre constituíram o padrão
comportamental sexual.
Portanto, para a geração
"pós-viagra", isso gerou enormes distorções, até porque, ao se
assistir a esses filmes mais "sensacionais e malabarísticos", se
relacionar sexualmente parecia ser uma missão quase impossível!
Mas de que forma isso afetou
nossos hábitos masturbatórios?
Um filme pornográfico possui uma
carga erótica monstruosa, um poder de excitação que é hipnótico e viciante,
como uma droga alucinógena. Para um
adolescente em idade de formação de caráter e fisiologia, isso tem um efeito
devastador e destrutivo. Por isso temos
hoje tantos casos de homens que sofrem de ejaculação precoce, disfunções
eréteis, anorgasmia, entre outras disfunções geradas pela exposição ao vício em
pornografia. Sem contar aqueles que
simplesmente resolvem se entregar ao vício, e simplesmente não se relacionam
sexualmente com outro parceiro ou parceira.
A verdade é que, quando uma
pessoa se masturba usando um estimulante sexual visual como esses, ela torna o
ato totalmente mecânico, onde o genital pode até mesmo se tornar insensível ao
estímulo manual ao longo do tempo, gerando até mesmo problemas maiores dos que
os problemas relatados anteriormente. A
pessoa não está focada propriamente no prazer do seu próprio corpo, mas sim em
dar um alívio à carga excitatória provocada por aquele estímulo sexual, gerado
pela pornografia.
É nesse ponto que o tantra vem a
propor uma forma "reeducativa" de masturbação, onde essa excitação
será buscada em seu próprio corpo, e não em estímulos eróticos externos.
O corpo nu, conforme abordado em
textos anteriores, pode ser uma fonte de estímulo sexual, se conseguirmos
equilibrar nossas energias masculina e feminina, transpor os preconceitos
injetados em nossa cabeça pela sociedade, e perdermos o pudor de admirar nosso
corpo nu. Além disso, ao focarmos nossa
atenção em nosso corpo e criar o hábito de "se relacionar"
sexualmente consigo mesmo, como poderíamos nos relacionar com uma pessoa
externa, estamos nos abrindo a sentir todas as sensações de nosso próprio
toque, e é à partir de se abrir para sentir que transformamos o ato da masturbação
em uma atividade meditativa.
Conseguem agora perceber a
associação? Esqueçam-se de tudo, crie um
ambiente íntimo e agradável para si mesmo.
Deixe o ambiente à meia luz, use uma música relaxante se assim
desejar. Pode até mesmo fazer uso de
incenso para trabalhar odores mais agradáveis e relaxantes. Tudo para deixar o ambiente mais leve, e com
uma energia mais suave. Então retire
toda a sua roupa, posicione-se confortavelmente na cama, no sofá, ou mesmo de
pé e passe a explorar toda... Eu disse TODA!
A extensão do seu corpo. Não se
restrinja aos genitais. Considere que
toda a extensão da sua pele é um enorme genital a ser explorado. Dessa forma você estará se abrindo a formas
de orgasmo que você jamais imaginou serem possíveis.
Por fim, toque seus
genitais. Seja gentil com ele/ela. Não tenha pressa de se excitar, apenas
toque-se. Aos poucos você perceberá que
seu genital irá sempre responder ao toque sutil e carinhoso de suas mãos, sem a
necessidade de fazer uso de medicamentos que provoquem ereção. Mas toque-se com gentileza, sem pressa. Passe a uma massagem lenta e carinhosa. Não tenha pressa de chegar ao clímax! Aproveite o tempo. Viva a experiência! Isso é fazer Amor consigo mesmo. A meditação encontra-se em observar as
sensações que isso tudo provoca, em se conhecer e se abrir a sentir. O prazer vai ser tanto que você não
conseguirá pensar em outra coisa!
Com o tempo, e com o hábito, você
perceberá que seu corpo começa a desenvolver uma sensibilidade que você nunca
pensou ser possível ser desenvolvida.
Você se abrirá para novos e até mais intensos níveis de prazer. E sua vida sexual se tornará mais plena e
satisfatória.
Ninguém precisa de filmes
pornográficos para fazer Amor consigo mesmo!
Liberte-se disso.