terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Solidão de um Casamento

Vítimas da sociedade.  Muita gente certamente já escutou muito esse termo, no geral usado para "defender" criminosos menores de idade, que na verdade não têm nada de vítimas.  São como são por escolha própria, mas como vivemos em uma sociedade que os define dessa forma, se aproveitam disso para se manterem livres e cometendo sempre os mesmos crimes.

Análises criminalistas à parte, eu gostaria de falar das "Verdadeiras" vítimas da sociedade, daqueles que seguem as regras ditadas pela sociedade e ainda assim sofrem as conseqüências de estarem fazendo "As Escolhas Certas".  Será que estão?

Quando se fala na solidão causada por um casamento, isso pode soar um tanto quanto contraditório, talvez até um pouco improvável, mas isso é muito mais comum do que se pode imaginar.  E acreditem, certamente não é algo que ninguém escolha sofrer!  Mas acontece.  E tudo por não seguirmos nossas próprias escolhas, mas sim as imposições da sociedade.



Vamos a algumas observações comumente encontradas na nossa sociedade:

"Nossa, já está uma mocinha!  Já pode casar!"

"Já virou um homem, pode se casar."

"E quando vou conhecer sua namorada?", ou então "Quando vou conhecer seu namorado?"

Vamos então considerar um casal que já tenha se casado.  Nesse ponto, temos os seguintes comentários:

"Quando vão ter filhos?"

"Quero conhecer meus netos enquanto estiver viva!"

Quem já não "sofreu" esses comentários?  Estamos tratando aqui das "leis" da sociedade comum, e muitos crescem acreditando que esse é o caminho da felicidade: Primeiro encontra um namorado ou namorada "adequados", depois marcam a data do casamento, ficam noivos e já começam as exigências da cerimônia e festa de casamento!  Então se casam e viajam para a noite de mel.  No geral a sociedade já cobra que nessas noites de "Lua de Mel" já aconteça a concepção do filho/filha.  Senão, essa passa ser a nova cobrança da sociedade, a nova "Lei" a ser cumprida!

Para a grande maioria da sociedade, viver se resume a estudar, se formar, começar a trabalhar, namorar, se casar, ter filhos, criar os filhos, vê-los partir, envelhecer e morrer.  Só isso!  Sonhos?  Esqueça!  Já os cumpriu.  Casou, teve os filhos... Agora é só esperar pelos netos e curti-los!

Mas onde entra a solidão do casamento?  Ao longo de toda a sua vida de casado!  E estamos falando de muitos anos...

A sociedade convencionou de acreditar que "Solidão" é algo ruim, e que para ser verdadeiramente feliz, a pessoa tem que se casar, ter filhos, etc.

E a solidão de um casamento acontece na medida em que cada parte desse relacionamento, depois que se casam, passam a cumprir "funções específicas".  Um será o provedor financeiro, e o outro cuidará da casa, das crianças.  Existe um certo "casamento dentro do casamento", onde o pai ou a mãe (Na vida moderna existe a "flexibilidade" desses papéis.  Se antigamente apenas a mãe ficava em casa cuidando da casa e dos filhos, hoje existe a possibilidade disso ser cumprido pelo pai.  Mas a história não muda muito por conta disso!) se "casam" com os filhos depois que esses nascem. 

Mas e o casamento original?  Vai se distanciando cada vez mais, uma vez que o papel daquele que mantém a saúde financeira da família é se dedicar ao máximo para conseguir cada vez mais conforto e luxo para a família.  Logo, esse "mantenedor" tem cada vez menos tempo para a família.  Portanto, quem fica em casa só pode contar com a companhia dos filhos!

E quando eles começam a estudar?  Aí a solidão de torna mais presente!

Entendem onde está o problema?  Ninguém nunca nos ensina que a solidão será algo que fará parte das nossas vidas de uma forma ou de outra.  E todos só nos ensinam que isso é ruim!

Será que é?  Senão, vejamos: uma pessoa que não se casa, pode morar sozinha em uma casa ou apartamento, ter seus próprios hábitos, fazer seus próprios horários, tem tempo de sobra para si mesmo, pode ver muitos filmes, pode andar nu pela casa, pode até dormir nu se quiser!  Pode sair de casa para ir aonde quiser, pode também ficar em casa se essa for a vontade dele/dela.  Pode meditar, pode estudar o que tiver vontade de estudar, considerando que já tenha sua vida profissional formada e em exercício, pode ouvir a música que tiver vontade de ouvir, em alto volume...  Claro, desde que não incomode os vizinhos!  Mas se for uma festinha com os amigos... Me perdoe o vizinho!

Ruim isso?  Eu interpreto como "Liberdade"!  Lembram disso?  Já tenho falado sobre esse conceito inédito...

Solidão só é ruim para quem nunca soube o que fazer com ela, porque ela pode ser sinônimo de liberdade!


E a solidão de quem é casado?  Pode se dar ao luxo de sair de casa a hora que quiser?  Ih, não!  Tem que cuidar de passar as roupas das crianças e do marido ou esposa.  Também tem que ir ao mercado para fazer compras, tem que levar e trazer as crianças da escola, tem que lavar a louça, fazer a comida, arrumar a casa...

E o maridão/esposa, depois que chegar em casa?  Aí vai ser legal, poderemos nos divertir!

Mas depois que ele/ela chega, estão tão exaustos de um dia de trabalho estressantes, em que tiveram milhões de tarefas para cumprir, que não vão ter disposição para "Se divertir" com quem ficou em casa, que também certamente se encontra exausto!

Será que todas essas tarefas preenchem a vida de alguém?  Não parece mais uma escravidão?

Mas a sociedade sempre disse que só podemos ser verdadeiramente felizes se nos casarmos!

Será que a "Sociedade" tem mesmo razão nisso?  Não é melhor repensar esses valores?

Entendem agora a questão dessa Solidão?  Quem se casa nunca tem tempo para si mesmo.  A menos que algumas regras impostas pela sociedade sejam quebradas, como por exemplo escolher não ter filhos! 

É, isso já ajuda.  Mas existe um "Porém" que vou deixar para discutir em outro texto.