sábado, 26 de novembro de 2016

Uma Breve História do Amor



Ao longo da história da humanidade, nunca houve algo tão incompreendido quanto o Amor.


Há vários milênios tem se ouvido falar sobre Amor.  Buda, em sua época já falava sobre isso, procurando dar um exemplo de comportamento baseado na doçura, na brandura, na gentileza, ensinando que todos deveriam buscar essas virtudes dentro de si, buscando a iluminação.  Ele procurava ensinar a todos a sua filosofia de iluminação interior, e que essa iluminação deveria ser buscada interiormente, dentro de si mesmo.  Ele ensinava que todos eram “Budas”, apenas ainda não sabiam disso.  Mas a única forma de buscar esse conhecimento era voltando-se para dentro de si, buscando o conhecimento em seu coração.

Mais tarde, muitos mil anos depois, na parte mais ocidental do mundo, houve outro Mestre que veio trazendo essa novidade chamada “Amor”.  Estávamos no auge do Império Romano, e os Judeus sofriam esse jugo de dominação.  A notícia que rodava entre eles era de que haveria um Messias que os libertaria do domínio Romano.  Baseado na cultura judaica pregada na época, criou-se uma enorme expectativa em torno de um grande guerreiro que viria libertá-los, com sua espada em punho, protegido pela força do Deus tirano judeu, pronto a julgar e punir os infiéis.  Era a lei de Talião, era o olho por olho, dente por dente!

Mas qual não foi a grande decepção dos judeus da época quando foram confrontados com um louco que vinha colocar em dúvida todos os ensinamentos dos sacerdotes daquela época, ensinando que a verdade encontrava-se no “Amor ao próximo, assim como Amas a si mesmo”.  Essa era a grande lei!  Amai seu próximo, assim como Amas a si mesmo!  Amai os vossos inimigos!  Perdoe seu irmão, não 7 vezes, mas 70 vezes 7 vezes!  “Como assim?!”  Todos haviam ouvido falar em Amor, mas ninguém reconhecia que poderiam Amar seus inimigos.  Do que ele estava falando?!  E de onde ele vinha?  Qual era sua formação, sua linhagem?  Por que esse dito “Messias” chamado Jesus contestava os religiosos da época, as grandes autoridades, os Sacerdotes, quando ele deveria estar enfrentando a tirania de Roma?  Será que ele era o “Messias” prometido mesmo?!  “Melhor crucifica-lo, pois ele não atende aos nossos interesses!”

E mais uma vez a mensagem de Amor foi ignorada.

Muitos anos depois, mais precisamente na década de 60, houve o grande movimento Hippie de Paz e Amor.  Mais uma vez o assunto Amor vinha à tona.  Vários jovens iluminados vieram despertar para a verdade do Amor ao próximo, inspirados pelos ensinamentos provenientes do Oriente, dos Budistas daquela época, questionando a sociedade e os costumes daquela época.  Tudo poderia ter dado muito certo não fosse por um “porém”: toda essa iluminação era conseguida à custa de alucinógenos e drogas de todas as espécies.  Tudo muito artificial!  E o que conseguimos foi toda uma geração de dependentes químicos, de viciados de toda espécie.  E o movimento perdeu sua credibilidade.

Claro que nem tudo foi em vão!  Vivemos uma nova Era de descoberta daquilo que na época era considerada uma emoção humana, chamada Amor!  Com o advento da Psicologia e de todas as disciplinas científicas voltadas ao estudo do comportamento humano, o dito “Amor” conseguiu chegar ao status de sentimento.  E com todo o advento da revolução sexual da época, as uniões matrimoniais passaram a serem orientadas por esse novo sentimento. 

Curiosamente, o que tivemos foi um movimento contrário do que se esperava!  Embora àquela época tivéssemos um número grande de uniões estáveis que duravam anos e anos, o que aconteceu foi que o número de separações matrimoniais aumentou muito.  “Como assim?!  Não estavam se casando por Amor?”

Mais uma vez quero lembra-los que todos os textos que estarei escrevendo, estarão fazendo referência aos textos anteriores.  Lembram-se do texto que escrevi sobre casamento, anteriormente?  Osho deixou isso bem claro: o que aconteceu foi que as pessoas começaram a descobrir que, embora estivessem se casando por um certo sentimento chamado “Amor”, acabavam descobrindo que na verdade estavam faltando com Amor pela principal pessoa a qual deveriam verdadeiramente amar, ou seja, a si mesma!

“Como assim?  Não era Amor o que eu sentia quando me casei?  Eu estava tão apaixonada...”

Esse nosso conceito de Amor que foi criado, na verdade está muito mais ligado a desejo e a uma necessidade de posse do objeto desejado, do que propriamente Amor.  A escolha dos candidatos a matrimônio sempre estiveram mais associados muito mais a aspectos materialistas do que propriamente ao Amor como deveria ser.  Nesse processo, passamos a escolher para nossos candidatos a matrimônio aqueles que eram atraentes fisicamente, ou de muitas posses, ou que nos davam conforto material, ou que nos mostrava um perfil psicológico de alguém que desejávamos ser, mas que não conseguíamos ser.  A velha história dos opostos que se atraem!  Mas isso sempre se mostrou uma enorme tortura ao longo do tempo, porque esse nosso conceito de amor englobava algo que não casava com a verdade do Amor: uma certa necessidade de controlar o ser amado, de possuí-lo.

O que machuca mais no Amor não é esse sentimento inventado pela psicologia barata humana, mas a necessidade que criamos em nós mesmos de que precisamos possuir a pessoa amada.  Toda a atual sociedade foi construída em torno do desejo de possuir, e é isso que nos destrói.  Tenho observado as pessoas que, dentro de suas dores pessoais, insistem em afirmar que amam mais animais do que pessoas.  Por quê?  O que os animais têm de diferentes?  Eles justificam suas respostas alegando que os animais sabem amar incondicionalmente.  No entanto, a grande verdade é que animais domésticos podem ser possuídos!  Quando adotamos ou compramos um animal doméstico, ele cria na verdade um elo de dependência com seu dono, e dessa forma ele nunca deixará aquele que lhe dá comida e cama para dormir.  Muito mais do que afeição, trata-se de instinto de sobrevivência!!!

Não significa dizer que animais não sentem Amor por seus donos!  Claro que eles têm Amor em si, e sem dúvida alguma podemos aprender com eles o que significa amar incondicionalmente!  Muito embora se mantenham ali porque tem comida e cama quentinha...

E o que acontece, na maioria das vezes em que uma pessoa se desilude com um “Amor”, é que ela passa a sentir uma tristeza enorme depois da separação, um vazio provocado pelo rompimento daquele laço afetivo.

E por que isso acontece?  Por que um rompimento afetivo nos atinge tão profundamente?

Porque o Amor, com A maiúsculo, é muito mais do que um sentimento!  Trata-se de uma energia!  Ou seria A Energia?!

Vamos lá!  Estamos começando a aprender que somos energia em movimento, muito mais do que sermos matéria.  Somos espíritos em corpos de carne, mas mesmos esses corpos não são compostos de matéria inerte, mas de partículas vibratórias, conforme nos revela a Física Quântica.  Ou seja, mesmo estando encarnados em corpos de matéria mais densa, ainda assim o que mantem nossas moléculas unidas é energia, e essa energia também pode ser classificada como Amor! 

O Amor é uma energia que mantem tudo nesse universo unido.  É o que nos aproxima e nos mantem ligados à Criação, que é Amor puro!  E por sermos Amor, não conseguimos deixar de expressar esse Amor em nossa vida.  Mesmo que vivamos isolados nesse mundo, sentimos a necessidade de nos sentirmos ligados a algo.  Seja ligada a natureza, seja a um animal de estimação, que estará dependendo de seu dono até o final da sua vida, seja a objetos, seja a um hábito... Sempre sentiremos necessidade de estarmos conectados a algo ou alguém.  E quando essa conexão se rompe por alguma razão, isso nos abala profundamente.  Ou vai dizer que nunca se sentiu culpado por estar jogando fora aquela máquina de escrever de estimação que você sempre usou para escrever seus livros, mas agora usa um computador para datilografá-los?!


E eu disse que essa era uma breve história...  Não tinha como ser mais curta!  Por fim, para concluir, quero só complementar que, se quisermos aprender a “Amar Incondicionalmente”, ou seja, aprender aquilo que o Amor verdadeiramente é, precisamos combater em nós essa necessidade de possuir o que quer que seja.  Estamos todos só de passagem pela matéria, portanto nem nossos corpos possuímos!  Mas enquanto estivermos de posse dele, devemos sim trata-lo com muito Amor, até o momento da despedida.