Ao longo da história da
humanidade, nunca houve algo tão incompreendido quanto o Amor.
Há vários milênios tem se ouvido
falar sobre Amor. Buda, em sua época já
falava sobre isso, procurando dar um exemplo de comportamento baseado na
doçura, na brandura, na gentileza, ensinando que todos deveriam buscar essas
virtudes dentro de si, buscando a iluminação.
Ele procurava ensinar a todos a sua filosofia de iluminação interior, e
que essa iluminação deveria ser buscada interiormente, dentro de si mesmo. Ele ensinava que todos eram “Budas”, apenas
ainda não sabiam disso. Mas a única
forma de buscar esse conhecimento era voltando-se para dentro de si, buscando o
conhecimento em seu coração.
Mais tarde, muitos mil anos
depois, na parte mais ocidental do mundo, houve outro Mestre que veio trazendo
essa novidade chamada “Amor”. Estávamos
no auge do Império Romano, e os Judeus sofriam esse jugo de dominação. A notícia que rodava entre eles era de que
haveria um Messias que os libertaria do domínio Romano. Baseado na cultura judaica pregada na época,
criou-se uma enorme expectativa em torno de um grande guerreiro que viria
libertá-los, com sua espada em punho, protegido pela força do Deus tirano
judeu, pronto a julgar e punir os infiéis.
Era a lei de Talião, era o olho por olho, dente por dente!
Mas qual não foi a grande
decepção dos judeus da época quando foram confrontados com um louco que vinha
colocar em dúvida todos os ensinamentos dos sacerdotes daquela época, ensinando
que a verdade encontrava-se no “Amor ao próximo, assim como Amas a si mesmo”. Essa era a grande lei! Amai seu próximo, assim como Amas a si
mesmo! Amai os vossos inimigos! Perdoe seu irmão, não 7 vezes, mas 70 vezes 7
vezes! “Como assim?!” Todos haviam ouvido falar em Amor, mas
ninguém reconhecia que poderiam Amar seus inimigos. Do que ele estava falando?! E de onde ele vinha? Qual era sua formação, sua linhagem? Por que esse dito “Messias” chamado Jesus
contestava os religiosos da época, as grandes autoridades, os Sacerdotes,
quando ele deveria estar enfrentando a tirania de Roma? Será que ele era o “Messias” prometido
mesmo?! “Melhor crucifica-lo, pois ele
não atende aos nossos interesses!”
E mais uma vez a mensagem de Amor
foi ignorada.
Muitos anos depois, mais
precisamente na década de 60, houve o grande movimento Hippie de Paz e
Amor. Mais uma vez o assunto Amor vinha
à tona. Vários jovens iluminados vieram
despertar para a verdade do Amor ao próximo, inspirados pelos ensinamentos
provenientes do Oriente, dos Budistas daquela época, questionando a sociedade e
os costumes daquela época. Tudo poderia
ter dado muito certo não fosse por um “porém”: toda essa iluminação era
conseguida à custa de alucinógenos e drogas de todas as espécies. Tudo muito artificial! E o que conseguimos foi toda uma geração de
dependentes químicos, de viciados de toda espécie. E o movimento perdeu sua credibilidade.
Claro que nem tudo foi em
vão! Vivemos uma nova Era de descoberta
daquilo que na época era considerada uma emoção humana, chamada Amor! Com o advento da Psicologia e de todas as
disciplinas científicas voltadas ao estudo do comportamento humano, o dito “Amor”
conseguiu chegar ao status de sentimento.
E com todo o advento da revolução sexual da época, as uniões
matrimoniais passaram a serem orientadas por esse novo sentimento.
Curiosamente, o que tivemos foi
um movimento contrário do que se esperava!
Embora àquela época tivéssemos um número grande de uniões estáveis que
duravam anos e anos, o que aconteceu foi que o número de separações
matrimoniais aumentou muito. “Como
assim?! Não estavam se casando por Amor?”
Mais uma vez quero lembra-los que
todos os textos que estarei escrevendo, estarão fazendo referência aos textos
anteriores. Lembram-se do texto que
escrevi sobre casamento, anteriormente?
Osho deixou isso bem claro: o que aconteceu foi que as pessoas começaram
a descobrir que, embora estivessem se casando por um certo sentimento chamado “Amor”,
acabavam descobrindo que na verdade estavam faltando com Amor pela principal
pessoa a qual deveriam verdadeiramente amar, ou seja, a si mesma!
“Como assim? Não era Amor o que eu sentia quando me
casei? Eu estava tão apaixonada...”
Esse nosso conceito de Amor que
foi criado, na verdade está muito mais ligado a desejo e a uma necessidade de
posse do objeto desejado, do que propriamente Amor. A escolha dos candidatos a matrimônio sempre
estiveram mais associados muito mais a aspectos materialistas do que propriamente
ao Amor como deveria ser. Nesse
processo, passamos a escolher para nossos candidatos a matrimônio aqueles que
eram atraentes fisicamente, ou de muitas posses, ou que nos davam conforto
material, ou que nos mostrava um perfil psicológico de alguém que desejávamos
ser, mas que não conseguíamos ser. A
velha história dos opostos que se atraem!
Mas isso sempre se mostrou uma enorme tortura ao longo do tempo, porque
esse nosso conceito de amor englobava algo que não casava com a verdade do Amor:
uma certa necessidade de controlar o ser amado, de possuí-lo.
O que machuca mais no Amor não é
esse sentimento inventado pela psicologia barata humana, mas a necessidade que
criamos em nós mesmos de que precisamos possuir a pessoa amada. Toda a atual sociedade foi construída em
torno do desejo de possuir, e é isso que nos destrói. Tenho observado as pessoas que, dentro de
suas dores pessoais, insistem em afirmar que amam mais animais do que pessoas. Por quê?
O que os animais têm de diferentes?
Eles justificam suas respostas alegando que os animais sabem amar
incondicionalmente. No entanto, a grande
verdade é que animais domésticos podem ser possuídos! Quando adotamos ou compramos um animal
doméstico, ele cria na verdade um elo de dependência com seu dono, e dessa
forma ele nunca deixará aquele que lhe dá comida e cama para dormir. Muito mais do que afeição, trata-se de
instinto de sobrevivência!!!
Não significa dizer que animais
não sentem Amor por seus donos! Claro
que eles têm Amor em si, e sem dúvida alguma podemos aprender com eles o que
significa amar incondicionalmente! Muito
embora se mantenham ali porque tem comida e cama quentinha...
E o que acontece, na maioria das
vezes em que uma pessoa se desilude com um “Amor”, é que ela passa a sentir uma
tristeza enorme depois da separação, um vazio provocado pelo rompimento daquele
laço afetivo.
E por que isso acontece? Por que um rompimento afetivo nos atinge tão
profundamente?
Porque o Amor, com A maiúsculo, é
muito mais do que um sentimento!
Trata-se de uma energia! Ou seria
A Energia?!
Vamos lá! Estamos começando a aprender que somos energia
em movimento, muito mais do que sermos matéria.
Somos espíritos em corpos de carne, mas mesmos esses corpos não são compostos
de matéria inerte, mas de partículas vibratórias, conforme nos revela a Física
Quântica. Ou seja, mesmo estando
encarnados em corpos de matéria mais densa, ainda assim o que mantem nossas
moléculas unidas é energia, e essa energia também pode ser classificada como
Amor!
O Amor é uma energia que mantem
tudo nesse universo unido. É o que nos
aproxima e nos mantem ligados à Criação, que é Amor puro! E por sermos Amor, não conseguimos deixar de
expressar esse Amor em nossa vida. Mesmo
que vivamos isolados nesse mundo, sentimos a necessidade de nos sentirmos
ligados a algo. Seja ligada a natureza,
seja a um animal de estimação, que estará dependendo de seu dono até o final da
sua vida, seja a objetos, seja a um hábito... Sempre sentiremos necessidade de
estarmos conectados a algo ou alguém. E
quando essa conexão se rompe por alguma razão, isso nos abala
profundamente. Ou vai dizer que nunca se
sentiu culpado por estar jogando fora aquela máquina de escrever de estimação que
você sempre usou para escrever seus livros, mas agora usa um computador para
datilografá-los?!
E eu disse que essa era uma breve
história... Não tinha como ser mais
curta! Por fim, para concluir, quero só
complementar que, se quisermos aprender a “Amar Incondicionalmente”, ou seja,
aprender aquilo que o Amor verdadeiramente é, precisamos combater em nós essa
necessidade de possuir o que quer que seja.
Estamos todos só de passagem pela matéria, portanto nem nossos corpos
possuímos! Mas enquanto estivermos de
posse dele, devemos sim trata-lo com muito Amor, até o momento da despedida.